Líder de greve em Salvador tem o voto mais barato das capitais
31/12/12 00:00RAFAEL ANDERY
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O líder da greve da PM que parou a Bahia no início do ano foi, entre os vereadores eleitos nas capitais brasileiras, o que gastou menos dinheiro por voto em sua campanha. Marco Prisco Caldas Machado (PSDB), conhecido como Soldado Prisco, foi o quarto vereador mais votado de Salvador, com 14,8 mil votos.
Para cada eleitor, a campanha do ex-bombeiro dispendeu R$ 0,57. No total, Prisco arrecadou R$ 8.448,37.
O vereador eleito credita o sucesso de sua candidatura ao apoio de voluntários. “Tivemos muita doação individual de esforço físico, muita gente trabalhou nessa campanha”, diz Prisco.
A adesão popular maciça festejada por Prisco, entretanto, pode lhe trazer problemas no futuro. A prestação de contas do vereador não contabiliza o trabalho dos voluntários como doação de valores estimados, como estipulado por lei.
“Se o serviço foi prestado ao candidato, ainda que de forma voluntária, é necessário seu registro como doação estimada em dinheiro”, diz Geomário Lima Silva, coordenador de auditoria do TRE-BA. A ausência de tal declaração representa uma omissão na prestação de contas, podendo inclusive configurar uma arrecadação ilícita.
O presidente do PSDB em Salvador, José Carlos Fernandes, considera a exigência de declaração das doações estimadas “absurda”. “É muito difícil avaliar isso”, afirma Fernandes. “A Justiça tem que cobrar explicações de quem gastou muito dinheiro. Quem gastou pouco [é] tranquilo”, afirma.
O SOLDADO NA CÂMARA
Paulo Câmara, o outro vereador eleito pelo PSDB em Salvador, dispendeu em sua campanha quase R$ 366 mil, mais de 40 vezes o valor empregado por Prisco.
Com os 8.733 votos recebidos, Câmara gastou quase R$ 42 para cada voto, aproximadamente 74 vezes o valor registrado por Prisco.
Para o ex-bombeiro, sua eleição serviu para quebrar paradigmas. “Queremos mostrar para o Brasil que dinheiro não ganha eleição, até porque quem ganha eleição com dinheiro fica preso a alguém ou a algo”, diz.
Os candidatos ao Legislativo soteropolitano arrecadaram juntos mais de R$ 12 milhões nas eleições de outubro.