Carisma permite que Heloísa Helena se eleja sem apoio de empresas
31/12/12 00:00JULIANA GRAGNANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A ex-senadora Heloísa Helena foi neste ano, pela segunda vez consecutiva, a candidata mais votada para a Câmara Municipal de Maceió. Com pouco investimento, teve o menor custo por voto na cidade: R$ 2,12. Em comparação, o voto mais caro custou 15 vezes mais.
A vereadora reeleita recebeu 19.216 votos, quase o dobro do que obteve o segundo colocado na Câmara, Silvânio Barbosa (PSB).
Para o cientista político Ranulfo Paranhos, professor da UFAL (Universidade Federal de Alagoas), o modo como a fundadora do Psol faz campanha –“mais relacionado ao discurso, à própria imagem e à história que propaga”– fez com que ela ganhasse credibilidade com eleitores na esfera municipal.
“Heloisa Helena é um caso recorrente em todas as capitais. Há sempre a figura de um candidato que tem um carisma muito mais poderoso do que o próprio partido. Ela é maior que o Psol”, afirma.
Nas doações recebidas pela vereadora não constam investimentos de empresas –o total arrecadado, R$ 40.676, partiu somente de pessoas físicas.
“Se vivo combatendo a supremacia do capital financeiro, a ortodoxia monetária, a subserviência do governo federal aos banqueiros, como vou receber financiamento deles?”, justifica.
De acordo com a vereadora, sua campanha chegou a ficar sem carro de som. “Um pequeno que tínhamos foi vendido para pagar parte da dívida da campanha do Senado”, afirma.
Heloísa Helena tampouco recebeu repasses de seu partido. Segundo o presidente do Psol de Alagoas, Mário Agra Jr., eleito vereador suplente por Maceió, as candidaturas às Prefeituras do Rio de Janeiro, Belém e Macapá foram definidas, neste ano, como prioridade da legenda.
“O partido cresceu desde 2008 e, portanto, seus gastos também. Nem sempre conseguimos ter recursos para distribuir aos candidatos, mesmo os prioritários”, diz ele, para quem Heloísa Helena é a maior expressão política do partido no país.
Em 2006, quando concorreu à Presidência da República, mais de 6 milhões de eleitores votaram na ex-senadora, que terminou a disputa em terceiro lugar.
Mesmo obtendo a maior votação para a Câmara neste ano, a política não repetiu a performance de 2008. Naquele ano, atingiu o recorde de votos recebidos por um vereador em Maceió: 29.516, cerca de 10 mil a mais do que obteve em 2012.
Para Agra, a redução na votação da vereadora está relacionada ao crescimento do número de candidatos a uma vaga na Câmara. Em 2008, foram 307. Em 2012, o número subiu para 505. A quantidade de candidatos por vaga aumentou de 15 para 24.
“A Câmara passou um tempo discutindo um projeto de lei cuja proposta era aumentar de 21 para 31 vereadores na cidade. Mesmo sem essa decisão, isso estimulou novas figuras a se candidatarem”, diz Agra.
O professor da UFAL discorda do diagnóstico. Para ele, a imagem de Heloísa Helena está desgastada. “O cenário político somado à atuação parlamentar dela, que não tem sido muito significativa, está conseguindo arranhar sua imagem. Eu diria hoje que Heloísa Helena não acompanhou a mudança do mundo”, afirma.
Para ele, as polêmicas com o Psol têm contribuído para isso. Por ter recebido mais que o dobro do quociente eleitoral (obtido pelo número de votos válidos dividido pela quantidade de vagas na Câmara), a vereadora ajudou a eleger o correligionário Guilherme Soares, investigado pelo partido sob suspeita de compra de votos.
O caso repete o ocorrido em 2008, quando Ricardo Barbosa, que teve apenas 453 votos, também entrou na Câmara pela sobra de votos da vereadora. Mais tarde, foi acusado pelo PSOL de infidelidade partidária e acabou filiando-se ao PT.
Apesar das polêmicas, Heloísa Helena afirmou, em entrevista à Folha, que cogita disputar uma vaga no Senado em 2014.
“Ultimamente tenho tentado me animar um pouco para disputar o Senado com Collor e Téo Vilela. Eles são tão ricos e poderosos, donos de quase tudo em Alagoas, que se eu não infartar diante de tanto cinismo e vigarice aqui e alhures, poderei até tentar novamente”, afirma.
esseomentarista politico, Paranhos, é do outro lado. aqji, existe gente que come na mão desse corruptos, como o teotonio e fernando coloor. na última eleção, para o senado, HH não se elegeu por ter ido na conversa mole do candidato benedito das ambulancia.
É mais uma grande brasileira honesta, mas que ñ tem voto suficiente ainda neste país de enganadores e enganados. Quando vamos ter consciência e conhecimento para distinguir o joio do trigo?